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A vida é uma vadia
Que te rouba a carteira
A vida é uma freira
Que levanta o hábito
É uma santa
De olhos fechados
Uma criança mimada
Contrariada
A vida é uma professora
Que não sabe nada
De didática
A vida é uma virgem
Cheia de tédio
Entre as pernas
A vida é uma velha
Sem paciência
Em sua inocência
A vida é uma menina
Onde tudo ainda
Brilha
A vida é uma puta
Apaixonada
E fiel
A vida é uma adultera
Cheia de certeza
Em sua frieza
A vida é uma mulher
Doente de beleza.
Everton Behenck
Ando fugindo da metáfora
Da imagem poética
Da palavra inventada
Ando de saco cheio
E pronto
E anda difícil
Levar o peso
Preso ao passo
São essas pessoas
Que não entendem nada
Que fazem tudo ao contrário
E pelos motivos errados
São esses homens
Que valem tão menos
Que suas roupas
Que brilham tão menos
Que seus carros
São esses dias roubados
Da minha vida
E mais ainda
É saber que viro
O rosto
Para que eles saiam
Sem sobressaltos
Everton Behenck
Tenho medo
Dessas grandes palavras
Tão pesadas:
INFINITO
DEUS
AMOR
SENTIDO
Tenho medo disso
Que elas carregam consigo
São sentenças
E nos cabe cumprir essas penas
Nós
Que somos tão minúsculos
Nós
Que não sabemos
Nós
Que somos tão analfabetos
Do tempo
Everton Behenck
Hoje postei meu primeiro texto lá no Poema Dia.
Já tem muita coisa legal por lá. Se alguém quiser conferir, o link tá ali do lado.
Não te machuca
Tanto
O fato
De eu ser pontiagudo
E sim o ângulo
Dos meus olhos
No horizonte
Quando penso
Denso
E você acha
Que invento
Outra
Em minha cama
Ou quando toma
Até minha última gota
São os motivos errados
Não é amor
É despreparo
Então não perca
Nosso tempo
Não force sua natureza
Cresça e desapareça
Everton Behenck
Meu zelo
É pela palavra não dita
Pelo carinho
Intuído
No gesto desfeito
Que às vezes
É mais que um beijo
Meu apego
É pelo pedido da mão
Se aproximando lentamente
Em seu silêncio
De gente
Que não sabe dizer
Meu ofício
É escrever essas palavras
Escondendo seu sentido
Para que só
E quem sabe
Você saiba
Everton Behenck
Era em teu perfume
Que eu entrava com força
Cada vez mais duro
Muito mais fundo
Era esse cheiro
Que eu perseguia com o beijo
Por teu corpo
Adentro
Com a língua
Infinita
E você tremia
E gozava forte
Segurando meus cabelos
Mas era o cheiro
Que me mantinha inteiro
Ao teu lado
Porque era ela
Naquele frasco
Everton Behenck
Vivemos
Uns pelos outros
E não há outro motivo
Atravessamos
O dia
Através da alegria
Dentro da tristeza
Alheia
Valemos a pena
No outro
É ela com seu beijo
Que me legitima a boca
E só na sede da sua língua
Sou água
Necessária
É no abraço do amigo
Chorando um coração partido
Que justifico meus braços
As mãos no afago
É por ela que não conheço
Que existe o próximo passo
É pra isso o alcance
Dos olhos
É para que meu pai
Tenha um espelho
Que não caio de joelhos
Para que minha mãe suporte
Que não mostro meus cortes
E curo as horas
Uma a uma
Com um cuidado
Dedicado
Porque é na pele dela
Que estão minhas feridas
E é sua alegria
Que me cicatriza
Estamos sempre
Vivos
Nos outros
E meu pedido de socorro
É que eles fiquem mais um pouco
Everton Behenck
Você me machuca
Com sua doçura
Me fere
Com a ponta dos cabelos
Me corta ao meio
Você me ulcera
Quando se entrega
Tanto
Você me deve
O que cobra
E a marca
Em minhas costas
É não poder pedir
De volta
Everton Behenck
Hoje entra no ar o Poema Dia.
Um projeto que vai reunir um monte de gente diferente das mais diversas idades e dos mais diversos lugares.
Cada um adotou um dia do mês para escrever alguma coisa. Acho que no fim de um mês vai ter uma reuninão interessante de textos. Com seus contrastes e semelhanças.
O meu vai ser o dia 15.
Para quem quiser conferir: