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Férias.
Depois do Carnaval eu volto. Se tudo der certo.
No mais. Trabalhando no livro novo. E o tema não podia ser outro.
Amor e amar. Para o bem e para o mal.
Tá me deixando maluco. Mulherzinha e chorão. Mas acho que vai ficar bonito.
No mais. Aquele beijo dos melhores pra todos. E até dia oito.
Esse fascínio pelas coisas
Que nunca mais acontecerão
A última vez
Da mão no rosto
No último abandono
O último olhar pelo vidro
Da sala
Vendo ela entrar em casa
O último pedido
Sem palavras
Para o primeiro beijo
Que nunca veio
O último desespero
Ao dizer amor
Sem que signifique nada
A última palavra
À mulher amada
Sem que ela entenda
Nada
A última pegada
Naquela estrada
Sabendo desde o primeiro passo
Que nunca voltaria
A última alegria
A ser esquecida
Logo em seguida
E que um dia fará
Tanta falta
A última vez
Que se volta
Pela última porta
Everton Behenck
Aquilo buscava no peito o suspiro imenso. Tanto ar. Era urgente. O salto do sapato no chão, de novo no chão, o salto de novo no chão, o salto, o salto de novo. Correndo, onomatopéia. A saia assaltada. Tanta pressa. Correndo de medo de que fosse tarde. Correndo como quem corre atrás da mesma coisa que a persegue.
O salto no chão. De novo. O cabelo atirado. Uma vez para cada lado. O salto no chão. De novo.
Rápida no que as pernas intuíam. Era medo. E se perdê-lo. E se ele não souber. Nunca souber. O passo. E se ele se deixar partir. De novo no chão. Sem saber disso que ela sente enquanto corre sozinha. O salto. De novo. Não consegue deixar de pensar em como pôde ter entendido só agora. O salto. Quebrado. A mão arranhada na palma. Sem sapatos. O passo nu. De novo no chão. Como não viu. Ainda não vê. Mas sabe com tanta força que não questiona.
Precisa correr. O passo no chão. De novo o passo no chão. O corredor do prédio. Correndo. Mesa, porteiro, extintor, porta-capacho, parede parede, porta-capacho, parede parede, porta-capacho, parede parede. Elevador. Dor nas mãos. Grade fechando e o elevador subindo. Lentamente. Ela olhando a parede. Respirando todos os andares. A parede descendo. Um, dois, três, quinze, vinte. Cinco minutos. O segundo andar não chegou nunca.
Te amo
Porque te amar
Melhora minha dicção
Digo melhor
E mais alto
A palavra
Já gasta
Essa
Que não repito agora
Por não estar
Em tua presença
Te amo
Porque é preciso
Amar o sentido
Do que só nos é permitido
Quando admitimos
Sermos ridículos
E por isso mesmo
Indefesos
O amor não sabe lutar
Antes que todos entreguem
Suas armas
Sua violência
É um aceno
De cabeça
Um silêncio
Obsceno
Te amo
Porque nesse momento
Não me é permitido
Sob pena de suicídio
Te esquecer
Everton Behenck