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Ela me ensina
A força

Em sua mão de menina

E a maquiagem pinta
Um caminho

No rosto

Formando ruas escuras
Por onde devo caminhar

Sem medo

Porque ela não teme
Chorar infinitamente

Ela me ensina
A firmeza do gesto

Nas mãos que tremem
Buscando alegria e afeto

Sem esconder o medo
De acabarem vazias

Ela grita
E convulsiona os sentidos

E vocifera contra o silêncio
Ensinando que amor verdadeiro

É feito
De um corpo inteiro

Everton Behenck

Eu trocava os canais
Demasiadamente rápido

Dois segundos
Uma fala

Uma cena
Que eu nunca veria inteira

Um filme
Com um ator
Que eu quase reconheço

Não é suficiente

Uma banda desconhecida
Novidade auditiva

Não basta

O dedo rápido
No gatilho

Atirando o som
Mais alto ao ouvido

Canais infinitos

Programas de auditório
Um documentário
Sobre os homens

Que catam relíquias antigas
Ás margens do Tâmisa

Percorrendo
Com toda paciência que não tenho

Assisto tudo ao mesmo tempo
Tento

Mas aqui dentro
Só a eterna reprise

Do que não sai do pensamento

Everton Behenck

Meus amigos
Ainda estão no banheiro

Cheirando pó
E medo

E no bar
Mais um copo

Indo à boca

Na pista de dança
São todos crianças

Esperando para ir pra cama

Everton Behenck

As pessoas confundem
O poeta com um ingênuo

Ou com papel higiênico
Para limparem seu traseiro

Confundem poeta
Com obstetra

Esperam que ele faça nascer delas
O que não gestaram

Beleza e amparo

As pessoas confundem
Poema e poeta

Mas isso qualquer poeta gostaria
Ser de fato poesia

Everton Behenck