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Quem tenho sido
Se não
Um desenho que faço
De vocês
Com cheiro e som
E caras
Que eu já interpreto
Como minhas
E as tinha
No mesmo segundo
Que vocês
As faziam
E será outro ano
Quando eu voltar a vê-las
Quando irá
Mudar seu curso
O músculo
Que levanta
Levemente
Minha bochecha
Direita
E que peguei
Daquela menina
Pequena
Ou quando deixarei
De cruzar as pernas
Do outro
Sentado no canto
E que não se move
Que se mova o apartamento
Nos olhos
Será
Que me esquecerei
Da voz
Que me soa
Tão boa aos ouvidos
Penso
Será que
Quando voltar a ouvi-la
Será como uma música
Esquecida
Que de repente
Toca no rádio
E é tão fácil
Cantar sua letra
Quantas 32 horas
Ou mais
Fazendo questão
De todos os seus
Minutos
Quem eu serei
Hoje a tarde
Quando todos vocês
Se calarem
Everton Behenck
* Feliz ano novo amizade!!
Escreverei
Até a última linha
Deste poema
Que se debate
Como uma criança contrariada
Quem te ensinou
Esses olhos
De tanto nada
Criança maltratada
Que não sabe
Sobre ter pai
Nem mãe
Nem madrasta
Você chora sua lágrima
Ensaiada
Na linha esticada
Contra a sua vontade
Te arde esse verso
Eu percebo
Mas é medo
De criança
Pânico
De que essa palavra
Te faça
Adulta
E ser gente grande
É grande demais
Mas olha pra isso
Criança
Que escrevo
Com tuas tranças
É uma cantiga
De infância
Isso tudo
Que os adultos
Em seu medo
Dão o nome
De segredo
Everton Behenck
Eu seria aquele
Que ao invés de flores
Te enviaria as palavras mais doces
Todas dizendo
Teu nome
E você
Seria aquela
Que se entrega
Em sua vontade
De que não seja tarde
Para o amor
Eu seria aquele
Que cuida de cada detalhe
Para que teus olhos
Fossem nossos
E você seria aquela
Que espera
Sorrindo
Por saber
Que o amor está vindo
Em seu eterno
Instinto
De voltar
Eu seria aquele
Que sente
Imensamente
E faz questão de viver
Exatamente o que isso significa
Você seria
A alegria
Everton Behenck
Iremos
Morrer todos
Em uma grande bola
De fogo
(Que nada)
Iremos morrer
Com uma bala
Na cabeça
Ou de uma sentença
Perpétua
(Talvez aconteça
Mas é improvável)
Iremos morrer
Todos
De fome
E sede
(Mas creio
Que nossa miséria
Seja outra)
No fim
Morreremos
Todos
Extintos
Gota a gota
Por insuficiência
Crônica
De afeto
Everton Behenck
A vontade que eu tinha
Era sacudir o colega de trabalho
E contar
Palavra por palavra
O que tínhamos conversado
Queria abrir a janela
E ao ver o advogado
Debruçado
Fumando no andar
De baixo
Correr pelas escadas
Sentar à sua porta
E contar
Calmamente
Que nos falamos
Novamente
E você
Aparentemente
Me amava
E amava mais
A cada palavra
Tive vontade de sair
E obrigar o guardador de carros
O único que conheço
Que tem um Astra vermelho
A sentar no banco ao lado
E ouvir
Nossa história
Até que
Emocionado
Limpasse os olhos
Com sua flanela
Ao ver que você
Batera à porta
E assim me trazia de volta
Quis que o senhor
De olhar perdido
No sinal fechado
Desligasse o carro
E me ouvisse
E que ele
Nunca mais ficasse triste
Queria que o porteiro de casa
Largasse a mangueira
Ou tocasse água para cima
Como em um desses comercias de margarina
Porque lembramos
De ter uma família
Queria que minha vizinha de porta
Chamasse o marido
Que foi embora
Para que eles me dissessem
O quanto entendiam
Como era raro
E bonito
Mesmo sendo
Impossível
Everton Behenck