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Ela esmaga
Com os cílios
Cada uma das quatro letras
Da palavra perfeita
Ela quebra meus dedos
Com seus cabelos
Para que minha mão não escreva
Este poema
Ela agride o que sinto
Para ter certeza
Da sua presença
Ela deseja estar
Sem entender
Que nunca se ausenta
Tudo que faço
Digo e sinto
Tem sido por ela
Mesmo quando fica irreconhecível
E vocifera
Palavras que nunca
Nasceriam entres suas costelas
Ela
É prisioneira dela
E eu
Sou seu colega
De cela
Everton Behenck
É o que a gente cala
Que ensurdece
São essas coisas
Que a gente vai colocando
Como agulhas sob as unhas
Fingindo ar sereno
São esses venenos
Onde a gente lava o rosto
E seca a voz
São esses sapos
Que a gente planta na garganta
São esses pequenos medos
Cotidianos
Que nos roubam os anos
São os camundongos
Andando em nossos cantos
É a torneira fechada que não para:
Sonhos
Planos
Medos
Quanto
Nada
Everton Behenck