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Quero fazer um filho
Na cidade
Gozar entre as pernas
Da calçada
Em uma trepada
De pedra
Paralelepípeda
Quero engravidar os edifícios
Num ofício de amor
E ver suas luzes
Acenderem a madrugada
Em um desejo de grávida
Colocar as mãos
O ouvido no chão
Para que ele me chute
Crescendo a barriga
No movimento dos carros
Apressados
Como a força de um parto
Com a força de feto
Vindo para fora
Quero criar essa criança
Feita de asfalto
E mijo na parede
Para que ela me faça companhia
No meu passo
Pai solteiro
Everton Behenck
DIA 28 – SEXTA-FEIRA:
– 15hs — LIVRARIA PALAVRARIA: SIDNEI SCHNEIDER conversa com JOSÉ DEGRAZIA E PEDRO GONZAGA sobre tradução.
– 16hs — LIVRARIA NOVA ROMA
LUÍZ HORÁCIO conversa com PAULO BENTANCUR .”Resenha e Contra-resenha”.
– 1730hs – ESPAÇO CULTURAL CASA DOS BANCÁRIOS
Debatepapo sobre jornalismo literário: Luíz Horácio (escritor e professor de literatura), Daniel Feix (Zero Hora), Francisco Dalcol (Editor do Diário 2, revista MIX e colunista do Diário de Santa Maria), Flávio Ilha (Revista Aplauso) e Lima Trindade (editor da verbo21).
– 19hs – LIVRARIA NOVA ROMA
CELSO GUTFREIND conversa com ANTONIO CARLOS RESENDE, ALEXANDRE BRITO E SIDNEI SCHNEIDER, numa mesa-homenagem a PAULO HECKER FILHO.
– 2030hs – ESPAÇO CULTURAL CASA DOS BANCÁRIOS – SARAU FESTIVAIA (Letras e cantos) e VAIANDO O PARADE (Sarau lítero-sonoro, comandado pelo poeta e músico Etienne Blanchard). Serão mais de 30 escritores participando.
E tem eu também!
Eu quero essa vontade
De chorar sorrindo
Uma felicidade inteira
Nem que seja
A de um copo de cerveja
O olhar de um amigo
Que não se sustenta
De tanta leveza
A lembrança de um abraço
Para deixar guardado nas costas
Como as asas de um anjo
Para rezar de vez em quando
Eu quero ver a chuva
Como uma alegria de lágrima
No olhar da calçada
Como se o céu
Jogasse em meu rosto
O cansaço da corrida
Através do dia
Contente em seu caminho
De nunca chegar
Quero olhar a noite
E não me importar de estar insone
Na presença de uma estrela
Brilhando tristeza
Que de tanta beleza
Se alegra
Em sua solidão de aço
Sabendo que no espaço
Ninguém se aproxima
Eu quero o que emociona
Toda a inutilidade
Do que tenta ver sentido
Em seu desespero contido
Olhar demorado
A mulher amada dormindo
Eu preciso
Dessa vontade de chorar sorrindo
Everton Behenck
*Para o Marcelino Freire, o Pena e o Reginaldo às 5 da manhã.
(Paulo Scott. Foi um prazer, véio. Pena tu não ter ficado mais tempo)
Hoje às 16hs
Livraria Nova Roma: Rua General Câmara, 428 – Centro
DONALDO SCHÜLER
CARPINEJAR
LUIS AUGUSTO FISCHER
MARCELINO FREIRE
PAULO SCOTT
Grátis
E…
20h – Sarau: Saindo da Gaveta e os convidados Marcelino Freire e Alexandre Florez.
No Teatro de Arena: Av. Borges de Medeiros, 835 – Centro.
Vou estar lá dizendo uns versos também. E também é grátis.
Amanhã vou estar no programa Radar, da TVE. Vou falar da Primeira Festa Literária de POrto Alegre, a FestiPoa Literária, do blog e também vou fazer um som com a Cordão de Cor.
Começa as 18:30, na TV Cultura.
Vamo que vamo.
Eu poderia
Ter me apaixonado tanto
Por ti
Mas te choraria tanto
Que te lavaria de mim
Você poderia
Ter se apaixonado
Também
Mas te faria sofrer tanto
Que a dor te anestesiaria
De mim
Eu poderia
Ter me apaixonado tanto
Por ti
Mas você sentiria
Um outro perfume
Uma outra voz no beijo
E elas
Te fechariam as pernas
Para mim
Eu poderia
Ter me apaixonado tanto
Por ti
Mas ouviria
Outro gemido
Masculino
No meu corpo
E o gozo
Viraria pranto
Eu poderia
Ter me apaixonado tanto
Por ti
Mas escolhi te amar
Everton Behenck
Sempre tive a impressão
De ser azul
Quase sem querer
Enquanto um amor
Amarelava as formas
Entre as mãos
Sempre tive a impressão
De ser azul
Mesmo sem querer
Vendo o olhar
Avermelhar
E o suspiro enegrecer
O ar azul
Sempre tive a sensação
De azular
Mesmo quando a carne
Rósea
Se desfez
Púrpura de prazer
Tocava um blues
Evertom Behenck
*Este vai ser publicado no livro comemorativo do aniversário da Gráfica Trindade que reuniu diversos artistas gaúchos. Quem viu o projeto gráfico disse que ficou lindo.
O vestido novo
Ainda não sabe
Das mãos amarrotando
O espanto de um abraço
Não sabe dos seios
Contra o peito
Do beijo no pescoço
Dos dedos procurando
A roupa sob a roupa
E sob a roupa a pele
E depois da pele
Tocar um gemido
O vestido
Não sabe seu papel
Não sabe que é um véu nas coxas
Moldura da cintura
Um convite a uma mulher nua
O vestido novo é inocente
Olha ao redor e não descobre
O perigo que corre
Everton Behenck
Quanto silêncio
Não há voz
Nenhum som de luz
Não há pássaro
Batendo suas asas
Voando para fora
Não há passos
Na varanda da minha alma
Ninguém abre
Nenhuma porta
Alegre por estar de volta
Ninguém ouve
A vela queimando uma oração
Os dedos entrelaçando a mão
Nem o som de um gemido
Repetindo o movimento
Dos seios
Gozando alto
Um segredo
Entre as pernas
Não se ouve
Aquelas vozes
Da infância
Nem o desaparecer
De sua lembrança
Nenhuma criança
Dança
Uma música
Ninguém ouve a angústia
Gritando
Na barba de um velho
Nos cabelos brancos
Chamando
A cova
Não se ouve nenhum beijo
De despedida
No silêncio da minha vida
Everton Behenck