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O que pode esse bicho
Perdido
Em seus planos
De ser humano
Se penitenciando
Por sua natureza
Tateando
No escuro das pálpebras
Fechadas
Não há de ser nada
Essa falta
De uma palavra
Que diga
Não há de ser nada
Sua sina
De viver a esmo
Preso em seus instintos
Se punindo
Por seus vícios
Pedindo em vão
Um vão de sentido
O que pode esse bicho
Que não cabe
No pouco que sabe
Everton Behenck
Há uma ferida
Na parede
Um buraco
Que já foi pintado
Mas está lá
Pálido
Há uma noite inteira
Presa
Onde ficou marcado
Quando foi mesmo?
Acho que foi em dezembro
Você atirou um cinzeiro
De vidro
Pesado
Na parede do quarto
Com a intenção de todos os cigarros
E o prédio inteiro
Calou
Porque falávamos
De amor
Everton Behenck
Vídeo de um conto muito divertido do meu irmãozinho Reginaldo Pujol nessa função toda de reforma ortográfica.
Venha assim
Na alegria da saia
Todos os dias
Para encher o passo
Com o flerte dos olhos
Porque a saia
É o elogio das coxas
É o convite das pernas
À boca
A saia chama
Mesmo que os passos
Não saibam
A saia é o beijo
Roubado
Nas costas do namorado
Everton Behenck
Quando falo mal da vida
É só a recusa à vida
Não vivida
Quando escrevo na pele
Os ensaios do suicídio
Invento motivos
Para ficar vivo
E acredito
Quando repito
Aos gritos
Uma certa raiva
Delicada
De tudo e todos
É porque o corpo
Que vale a pena
Não é santo
E se há milagre para mim
É dizer sim
Everton Behenck
Não quero
Escrever uma linda máscara
Imagens que me tornem
Enorme
Em minha ausência
Existir é urgente
E é preciso gritar a vida
Até perder a voz dos dedos
Não quero escrever
Um tratado de perícia
Linha a linha
Com a calma de uma criança
Que monta uma casa
Só para derrubá-la
Queria dizer
Até o que não tenho
Everton Behenck
Doce
Como tudo que é arredio
Ao toque
Como tudo
Que a língua descobre
Ao falar
Determinadas
Palavras
Doce como uma sala
Arrumada
Para a visita
Da pessoa mais querida
Doce como quando
Me disseram sonhos
E eu estava em todos
Doce como tudo
Que a gente sente
Sempre
E não entende
Everton Behenck
Foi no parapeito
Dessa janela
Que pensei
Pela primeira vez
Entre outras coisas
Menos exatas
Que pessoas
Se matam
E nem sempre
Estão erradas
Naquela fresta de horizonte
Percebi que tudo
Tende a ir para o mundo
De algum jeito
E a vontade de ver
O que há lá fora
Foi como um instinto
De estar sempre partindo
Everton Behenck