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A querida poeta carioca Maria Rezende é uma voz em festa. Além de uma grande poeta. Aqui me dá um presente. Num dia disse Hilda Hilst no outro a mim. Eu não podia ficar mais feliz. E conheçam a Maria!
O amor
É essa coragem extrema
Essa mendicância terna
Não há orgulho
Em quem pede um beijo
Não há vaidade possível
Em um pedido
De amor recíproco
Não há sentido
Para que se agarre
O amor não sabe
É essa ausência de chão
E de asas
No amor só existe a queda
É essa fé cega
De que o tombo
Há de se transformar em vôo
Everton Behenck
São meus por direito
Todos os clichês de amor
É meu o sonho
Flor na lapela
De estar ao lado dela
Vida a fora
Que a vida não se demora
A passar
São meus
De agora em diante
Todas as flores
Vermelhas
E são de minha autoria
Todos os bilhetes
Mal escritos
Como é bonito
Um bilhete ridículo
De amor
São minhas
As caixas de chocolate
E as fitas perdidas
Em laços desfeitos
São meus por direito
Todos os suspiros
Embaçando os vidros
Da janela
Na ausência dela
São meus os fogos de artifício
O algodão doce de circo
É meu o sucesso
Antigo
Na madrugada do radio
Com tradução simultânea
De esperança romântica
São meus por direito
Todos os clichês
E só o amor sabe
Porque
Everton Behenck
Entrei
Sentei a sua frente
E disse tudo que tinha para dizer
Eu tinha toda razão
O grande problema
É que esse poema
Não é sobre ter razão
Everton Behenck