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Tenho esperado por ti
Até que as horas

Despetalem-se

Em suspiros ansiosos
E do brilho desse sopro

A contragosto

Venha se encher
A espera de novo

Tenho aguardado
Ansioso

Que teus olhos

Me batizem
Com o nome verdadeiro

De amar singelo
Esse mundo todo

E o medo

Que esquecemos
Por um momento

Para sermos leves
E sem culpa

Nenhuma

Tenho te esperado
Para que dos teus braços

Se estenda
Um sentido mais bonito

E me diga que é possível
Simplesmente

Deixar-me
Em ti

E que isso
Seria quieto

E doce

E sólido
No que há de frágil

E perigoso

Ao nos colocarmos assim
No outro

Everton Behenck

Amanhã tem função às 11h no Teatro do Cultural. Ali na Rua Riachuelo, 1257.

Um debate sobre poesia. É o Bate Boca Bom.
Vou estar numa ressaca bizarra. Então. Vai ser engraçado.

Com:
Ana Melo
Claudia Gonçalves
Cristiane Lisbôa
Everton Behenck
Marlon de Almeida
Telma Scherer

beijos

Eu só queria deitar
Porque a verticalidade dos fatos

Empilhados

Impõe sua altura
E o teto da noite
Se extenua

E sofre

E com ele a lua
Com seu olho aberto

Eu só queria deitar
Sobre você

E ao fazê-lo
Cobrir-me de ti

Eu só queria deitar
Não espero sono
Ou descanso

Deitar apenas
Em meu próprio corpo

Everton Behenck

Desculpe meu choro
Senhor engenheiro

Não sou concreto

Nem entendo
Seu prédio

Estático

Não sei que fruta brota
De sua planta

Perdoe-me
Senhor juiz

Não sei de suas leis
Nem sei o que significa
Seu martelo

Para o desespero

Somos o que escolhemos
E isso não está em suas mãos

Desculpe
Senhor matemático

Estou cansado
Para seus resultados

Exatos

Minha fé
Não pula o muro
Dos seus cálculos

Calem-se
Psicólogos

Não quero discutir
O óbvio despropósito

Quero ser
Essa infinidade de gente

Que me desmente
A cada instante

Eu aceitaria
Sua esquizofrenia

Se ela fosse a resposta
Para a única

Pergunta

Por isso
Liberais de plantão

Me soltem a mão

Não me esperem para jantar
Em sua casa sem alma

Onde são devorados
Pelo silêncio da mesa

Posta

Everton Behenck

Aquele momento
Em que o ateu
Pede à deus

Com força

Aquela hora
Em que o pai
Esquecido

Procura seu filho

O pedido
De quem nunca quis nada

A palavra que escapa
A todas as travas

Da fala

A carta fechada
Finalmente lida

A alegria
Que resistia

Onde tudo entristecia
E agora se alivia

No segredo que ardia

Como a vida
É mais viva

Onde está escondida

Everton Behenck

Estamos todos
Desesperados

Por algo infinito
Mesmo que seja

Só por alguns minutos

Queremos tanto
Algo que seja eterno

Mesmo que seja
Por uma noite apenas

Nos debatemos
No que nos nega
O tempo

Tudo anda tão efêmero

Enquanto nós
Nos sentimos tão feitos

Para a vida eterna

Everton Behenck

Amo
Por princípio
Tudo o que te diz respeito

Amo a fila do banco
Se você esteve
No caixa

Recentemente

Amo o nome
De uma rua

Por que você
Tem passado por ali

Diariamente

E gosto mais
De mim

Por você ter me tocado

E escrevo
Sem medo

Um poema romântico
E anacrônico

Porque a literatura
Só é boa

Quando você
Folheia um livro

Amo seu pai
Porque ele está em você

Amo o guarda
Que fez aquela multa

Porque era seu carro

E amo o cadastro
De sua última consulta
Ao médico

Um papel com sua assinatura

É digno
De todo amor que eu sinto

Amo o fato
De ver que cada uma dessas
Palavras que escrevo

Contradizem tudo o que eu penso

Te amo
Porque te invento

Everton Behenck

Escrever poesia é íntimo e difícil. Porque não é fácil se expor desse jeito.
Ainda mais sobre um palco com uma luz na cara mostrando todas as nossas falhas.

Mas foi lindo. Ver os amigos. Ver desconhecidos. Dizer poesia e cantar pra todos.
Teve gente ficando de fora. Vendi livro pela grade do bar e alguém pixou todo banheiro em protesto.
ROCK!!!

Vamo locura!
Beijo a todos

*Se der voltamos a programação normal do blog ainda essa semana. No máximo segunda.