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Eu não quero
Dar nome para isso
Que acontece sem que seja preciso
Nomear
Eu não quero chamar
Seu nome
Em vão
Eu não quero
Prender o que sinto
No sentido
De nenhuma palavra
Que a vida gasta
Com seus filmes
E contos de fadas
Eu não quero
Repetir
O que já foi dito
De tantas formas
Por quem já passou
Por nossas portas
O que já dissemos
Antes deles irem embora
Eu não quero
Dar nome
Ao sentimento
Para que ele
Seja
O primeiro
E possa dar nome
A si mesmo
Everton Behenck
É fim de tarde
Sexta feira
E não consigo levantar da cadeira
O irmão da maior amiga
Morreu
E com ele a alegria da cidade
E de um país imaginário
E docemente
Real
Dentro de mim
Um amor se debate
No calor insuportável da tarde
Todos levam seus sorrisos
Para o final de semana
É sexta feira
E eu não consigo levantar da cadeira
Do trabalho
E nem consigo dizer
Se é tristeza de verdade
Ou se é só a lágrima
Petrificada
Arranhando sob as pálpebras
Everton Behenck
Para a querida Bárbara Nicolaiewsky. Passamos por essa sexta. Por mais que esta sexta não passe.