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Uma senhora
Desligou ansiosa
O programa de variedades
Da tarde
E procurou um disco
Antigo
Para ouvir
De olhos fechados
Um carregador de móveis
Largou um sofá
E sentou-se
Leve
E o senhor
Com a vassoura
Varreu folhas
Como se fossem flores
E inventou seu perfume
E uma quadra inteira
De prédios
Amenizaram seu concreto
E os passos alargaram
O sentido
Da calçada
Porque falávamos
De mãos dadas
Everton Behenck
PS: Vou pro Rio amanhã.
E vou divulgar os Dentes da Delicadeza por lá.
No Corujão da Poesia. E quem sabe outras cositas.
Então. Acho que só volto a postar aqui na outra segunda.
Beijo!
A menina
Pôs-se
De costas
Mais a si
Que a ele
Não queria ser vista
Pelos tantos olhos
Que ele tinha
Uns de leveza
Outros de ilha
Uns maldiziam seu nome
Nas pupilas
Algum a queria
Ela se voltava
Para todos os lados
Sem saber que girava
Em torno de sua própria
Órbita
Sem saber que em seu medo
Só conseguia ir em direção ao tempo
Everton Behenck
Esse desejo
De morar em frente a uma praça
Ver brincar uma criança
Que nunca saberá
Do que é feita a infância
Essa vontade de acreditar
Que somos inocentes
E que cometemos nossos erros
Por medo e desejo
De que tudo se quebre
Para quem sabe
Acabar logo
A angustia
De andar no escuro
Do mundo
Somos apenas um vulto
Mas até para isso
É preciso luz
Entrando
De algum canto
Everton Behenck
Na palma da tua mão
Cabe todo carinho
Por isso preciso
De teu aceno
Na palma da tua mão
Escrevi meu nome
E um número de telefone
E nela repousaram
Tantas horas
Até que você ligasse
Na palma da tua mão
Encostei minha face
Para que ela contasse
O que precisava ser dito
E todo o entendimento
Coube no centro
Da tua mão
Nela
Uma cigana verá
Meu destino
E acreditarei
Em tudo que ela disser
Tua mão
É a mão da fé
Everton Behenck
De repente
Não vou mais ter tanta sede
Nem vou procurar justificativas
Para atravessar o dia
E não me importarão
As injustiças
Nem as falsas carícias
E não me doerão as articulações
Políticas
Nem os tapas nas costas
Com as mãos imaginando socos
Nem os sorrisos ocos
Nem os loucos se extinguindo
Nem esses móveis e utensílios
Urbanos
Que as pessoas vem se tornando
Não me importarão
Os críticos
E insípidos
Nem os vícios
Que me confiscam os sentidos
De repente não me importarão
As grandes
Nem as pequenas dores
E finalmente merecerei flores
Everton Behenck