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Esse esvaziamento
Esse despropósito
O ser humano
É sólido
E impossível
Como um sonho
Somos um campo de batalha
Mas não temos causa
Que valha
Só um jogo
De culpa
Medo
E desejo em segredo
Everton Behenck
De quem são
Esses pequenos gestos
Repetidos
A exaustão
Até escreverem
Na pele
O que querem
Que tipo de nome
Se dá a essa coisa
Urgente
Sob a carne
Como quem arranha a porta
Como alguém
Que simplesmente não pode
Um bicho que corre
Em todas as direções
Everton Behenck
Você está apaixonada?
Esse brilho no olho
Tem algum nome?
Há quem te emocione os olhos?
Dentro do teu peito
Alguém reclama sua posse de direito?
Em tua boca
Um beijo se repete
E se renova?
Sem saber esperar as horas
Que passam?
Existem braços
Em volta da tua cintura
Que tua cintura não quer largar nunca?
Existe uma mão em teus cabelos?
Com um certo jeito
De traçar um caminho de carinho
Entre os dedos
Quem mora aí dentro
Vizinho ao seio?
Everton Behenck
Cultivo a delicadeza
Como uma flor
Mesmo que falar de flores
Já não seja do agrado
Dos literatos
Suavizo meu tato
Mesmo sabendo
Que vivo
Me ferindo
Nos cacos do dia
Em suas idiossincrasias
Cultivo a delicadeza
Porque é preciso
Toco leve
Para que a dor seja breve
No que me pede
Everton Behenck
Logo acabarão as distâncias
Estaremos lá
Antes que eu termine
De escrever essa palavra
Estaremos cara a cara
A qualquer hora
Mas o que diremos?
Everton Behenck
Você chegou tão perto
Abriu com os olhos
Frestas nas horas
Me fez não querer nada
Além de uma menina
Deitada em minha cama
Que procura
Entre os dedos
Guardar um segredo
Isso que dizemos
Querendo
Significar qualquer coisa
Que não seja
Essa presença
Já não sabemos
Se há retorno seguro
Já não queremos pensar
Na volta ao que fomos
Porque já não é lá que estamos
Um sentimento
Nos mudou de endereço
Everton Behenck
Como uma face
Vista no fogo
De uma vela
Como o que nos sublinha
Uma dor ingênua
E desconhecida
Como o olhar
De um estranho
Acenando
Como um bilhete
Sem assinatura
Entre as páginas de um livro
Antigo
Como um brinco
No fundo de uma gaveta
Da adolescência
Como uma declaração
De amor
Com a melhor letra
Sem lembrar a quem deva ser entregue
Como a lembrança
Na pele
De um sonho
Esquecido
Como aquele menino
Sozinho na infância
Everton Behenck
Por favor
Pare com o papo
Tão cabeça
Minha poesia só quer clareza
E em nenhum peito
É preciso
Mais um tiro
Deixa um verso
Rir
Simples assim
Deixa chorar
Para aliviar
Deixa vir
Um ar
De poder respirar
Pare de falar
Hermético
Restrito a quatro ou cinco
Analítico-crítico
Minha poesia
É um grito
É um riso
É um pingo
E é só isso
Everton Behenck
É preciso ser arrebatado
É urgente ser levado
Por algo
Sem nenhuma chance
De resistência
Mesmo que se queira
É necessário
Que algo nos arraste pelos cabelos
Rua a fora
Com toda a dor que isso significa
É preciso que algo seja irresistível
É preciso que sigamos
Não importando
Quando, como e porque
É preciso que algo
Nos seja necessário
E que nossa vida dependa
Do próximo passo
Em direção a isso
Que nos possui
E nos justifica
Isso que explica
Tudo que não entendíamos
Até o minuto anterior ao encontro
Com o que somos
Everton Behenck