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O prodígio de linguagem
Na face apaixonada
A inconsequência dos olhos
Vidrados
O sono desprotegido
O passo emancipado de si
O gesto multiplicado
A bagagem de uma vida
Na mala de viagem
Atravessar o dia
Como a um oceano
Os remos invisíveis
Na água invisível
Enfrentando o vento
Que não vemos
Os dedos escrevendo no ar
As palavras de um idioma
Próprio
Uma oração sem deus ou milagre
E por isso santa e infinita
A boca selada
Pela língua inútil
O amor de todos os amores
Juntos
Na violência onde tudo é criado
A partir do passado
Tudo o que sabemos do amor
E todo o amor que perdemos
Renascendo imenso
No amor que temos
Everton Behenck
A solidão
Do osso sob a carne
Da pálpebra no avesso dos olhos
Dos poros
Milimetricamente
Isolados
da língua
Sem companhia
A solidão da orelha esquerda
Em relação a direita
A solidão do pelo
Entre as sobrancelhas
Do cílio perdido
Procurando abrigo
Dentro do olho
Apartado pelo sopro
A solidão do estômago
Vazio
A solidão
De cada célula
Que já não se regenera
Everton Behenck