You are currently browsing the monthly archive for julho 2008.
Amanhã vou estar lá no programa Radar, da TVE, para falar sobre o Palavra:a alegria da influência.
O programa começa as 18hs. E vamo que vamo.
Tenho esse medo
De todos os versos
Que posso vir a escrever
O que há de dizer
Que valha
O último verso
À minha velha amada?
Numa viuvez desquitada
Que palavra
Correrá
Pelas escadas da minha casa
Para cair na porta
Caso um gatilho
Me leve um filho?
Ou os sentidos
Abaixo da cintura
Atingido
Por um destino perdido
O que terei dito
Caso um grito
Me exija a morte
E eu sobreviva
E ainda assim não haja alegria?
Everton Behenck
Quando me convidaram para receber e homenagear um escritor só podia ser ele. Além de ter feito meu parto poético é definitivamente O cara. Obrigado, Fabrício.
O jornal Vaia está inaugurando novo evento literário: Palavra – alegria da influência. A estréia será sábado (02/08), às 18h30, com os poetas Everton Behenck e Fabrício Carpinejar.
A idéia é promover encontros literários mensais (no primeiro sábado), e sempre com a presença de um escritor da nova geração (anfitrião do encontro) e de outro já consolidado no cenário literário e da predileção (referencial, inspirador, ídolo), para conversar sobre seus trabalhos, ler textos e debater sobre suas respectivas produções literárias.
A Palavraria está localizada na rua Vasco da Gama, 165, em Porto Alegre (telefone: 3268-4260). Entrada franca.
Há que se duvidar
Do amor
Ou ele te transpassa
Com seu passo
De olhar atrasado
O futuro
Derruba seus muros
Invade suas terras
Queima a colheita
Com uma cama desfeita
Há que se duvidar
Do amor
Ou ele
Te rouba os passos na casa
Derruba o sono
Enrolando as horas
Em seu pescoço
Há que se duvidar
Do amor
Sempre
Ou ele
Te corta rente
Ao chão
Na vingança
De um sorriso
Há que se duvidar
Do amor
Ou ele bate em seu rosto
Para que acorde do sono
O amor não é para todos
Há que se duvidar do amor
Amando
Everton Behenck
Parabéns
Todos os homens
Do mundo
Querem te comer
E agora?
O que sobra?
Um sorriso ingênuo
Que não é mais
Que tua idade
Descompassada
Parada na porta
Da tua vida
Sem ser vista
E agora?
Que tudo se resume
A esse espaço
Entre tuas pernas
O que resta?
Everton Behenck
Por favor
Mais uma matéria
Uma opinião inflamada
Que doa
Que a dor
Acorda e consola
Minha carteira de identidade
(mas não tenho nada a ver com isso)
Que me sinto sempre
Estrangeiro
E sempre é tarde
No que me cabe
É sempre uma dor passada
E o passado
Nem sempre sabe
Doer na carne
De novo
Alguém me diga
Alto e claro
Que tenho medo
De esquecer minha língua
Everton Behenck
Verbalada
24/07, quinta, 20h30min
Pé Palito (rua João Alfredo, 577)
ingresso: $5
VERBALADA
Verbalada é a expressão de várias ações artísticas. Poetas falando música. Músicos falando poesia. Fotógrafos dizendo poemas. Cartunistas contando histórias. Cineastas pintando o verbo. Literatura, música, cinema, teatro, artes plásticas, tudo a favor da festa do verbo.
A nova festa da cidade baixa. A festa da palavra, a balada verbal. O verbo multiplicado, em transe, em trânsito, transformado e misturado a outras artes. O improviso, o diálogo e a aglutinação de expressões artísticas. O happening, o grito e o encontro das linguagens. Essa festa traz para o palco do Pé Palito as expressões e os embalos do verbal.
Verbo embalado, cantado, amplificado, visualizado, gritado, desenhado, dançado, rimado, não-rimado, pensado, anotado, demanchado, engraçado, requentado, inovado, zoado.
O verbo e balada.
Verbo metrificado, transformado, esgarçado, demasiado, pausado, entoado, sussurrado, divagado, embriagado, abalado, transtornado, esfomeado, apaixonado, tarado, transbordado, babado, vaiado, assobiado, relembrado, entornado, festejado, embalado.
A balada e o verbo. A balada certa.
Balada verbalizada, vociferada, payada, repaginada, desconcertada, rodopiada, embolada, pintada, sussurrada.
A balada do verbo.
Balada trovada, descabelada, encenada, urrada, embebedada, punkada, desconfigurada, encantada, suada, desafinada, hipnotizada, verbalizada.
Convidados:
sidnei schneider
telma scherer
alexandre brito
ricardo silvestrin
marcelo benvenutti
gerusa marques
cris cubas
mary farias
laurene veras
miscelânia k. (alexandre missel knorre, lúcio chachamovich, carlos d’elia, dado silveira)
leandro dóro
everton behenck
pena cabreira
marcelo gobatto
valéria payeras
caco belmonte
marcelo cougo
diego dourado
felipe azevedo
richard serraria
bibiana carvalho
diego cemin bandeira
carmen salazar
coletivo 3daqui 2de lá
etienne blanchard
kurary
júlio saraiva
patrícia soso
rodrigo rosp
reginaldo pujol filho
antonio xerxenesky
samir machado de machado
carol bensimon
diego grando
dj fred
E se de repente
Eu escrever
De uma só vez
Todos os versos
De amor sincero
E se eles forem assim
Tristes e sem fim
E sem valor literário
Aos olhos
Dos letrados
Quem vai ter coragem
De me tirar
A caneta das mãos?
Quem vai desligar o teclado?
Quem vai dizer que estou errado?
Everton Behenck
Porque não posso
Simplesmente aquietar
E viver
Sonhar com uma casa
Uma esposa
Um emprego e filhos
Bonitos
Mesmo que nada disso faça sentido
Porque preciso
Alimentar esse bicho
Que me corrói
De verso e vício
Que sentença é essa
Eu confesso
Invento crimes
Quebro a caneta
Por uma redução de pena
Por um habeas corpus
Do meu corpo
Eu renego
O pouco de doçura
A que me apego
Eu recolho
Os cacos de delicadeza
Que escolho para cortar os pulsos
Eu me converto
A qualquer seita
Que me aceite
Que me perdoe os pecados
Que cometo
Sem nenhum arrependimento
Ajoelho perante
Qualquer padre
Que pare
Essa penitência
Que me imponho
Não há de ser minha a culpa
Desse mundo sem desculpa
Para existir
Será preciso
Ser minha própria presa
Para matar esse bicho na minha cabeça?
Everton Behenck
Vê passar o tempo
Os minutos
Corrosivos
Correndo sem sentido
As horas
Sempre tão dispostas
A ir embora
Os meses
Como estranhos
Acenando adeus
Os anos
Sem tamanho
Refazendo planos
A revelia
Vê passar o tempo
Agarrado aos melhores momentos
Everton Behenck