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Segunda Carta a São Paulo.

Já sou pedra de tua pedra
Cidade incerta

Foi você que me deu os olhos dela
De cor mutante e eterna

Para que eu nunca te acusasse de ser cinza

Você
Que tanto já viu matar e morrer

Me deixou sofrer
Até que arrancasse de mim

Todas as outras cidades

E mastigou nos dentes de concreto
Tudo que eu achava certo

Para que eu de fato vivesse em ti
Respirasse tua fumaça

E aprendesse tua dura lição de amor

O amor é mesmo raro
São Paulo

Como uma flor no asfalto
E só existe quando é concreto

Existe mais amor em você
SP

Do que em tantos outros lugares
Que se dizem doces e solares

É tua a coragem de escrever
A mais crua verdade

Com tuas tintas e letras particulares
Que gritam ainda mais alto quando são apagadas

Hoje tua carta se desdobra
E é tua a minha história

Você já não é a cidade onde mora minha vida
Agora, São Paulo

Você é um lugar que me habita

Everton Behenck