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Valeu a quem leu.
Acho que em Março eu volto.
Quanta solidão
Nesse grão de poesia
Para onde iria?
Quem poderia abrigar?
Essa imensidão contida
Em uma palavra
Esse horizonte
Sempre na mesma distância
Sem se importar com os passos
Em sua direção
Não há ombro ao lado
Não há passo intercalando meu cansaço
Os moinhos de vento
Se tornaram monstros
E todos correm ao meu encontro
Me querem a alma
E não há escudeiro
Só esse vazio do lado esquerdo
Everton Behenck
Eu juro
Não menosprezar as flores
Quanta dureza
Se desfaz na presença
De uma única pétala
Juro não ser reto
Que o homem reto
Acaba sendo
Prisioneiro do seu próprio sentido
Pré-definido
Não sabe da curva
E depois dela
Sempre o mistério
E quero tanto
Acreditar no que não vejo
Juro satisfazer todos os desejos
Que prazer
É a única palavra
Que todos entendem
E como entorta a alma
A falta que reclama seu momento
De direito
Juro não reclamar do tempo
Que passe
Juro não pedir de volta
A tarde que vai embora
É sempre agora
Por mais que a gente lute
Juro dizer mais acredite
Que esqueça
Mesmo que isso não aconteça
Juro acreditar
Em todas as promessas
Para que a decepção
Em sua honestidade
Mostre
A verdadeira face
Para que eu ofereça
Um sorriso de adeus
Juro não dar todos os dias
Pelas ditas
Conquistas
Para não deixar rastros
Na despedida
Juro encarar a vida
Morder seu pescoço
Para sentir o gosto
Juro ter um passo rápido
Só de ida
Mesmo que a estrada
Não exista
Everton Behenck
Meu peito
É uma catedral vazia
Na quarta-feira de cinzas
No centro do meu peito
Senta-se um bêbado
Com seu último copo de whiskey
Sem gelo
Meu peito
É o dinheiro que paga a puta
A lâmina de onde o sangue
Não desgruda
No meu peito um louco uiva para a lua
E de dentro do meu peito
Um peito luta
E uma mulher nua
Espera o amor
Úmida entre as pernas
Meu peito é a treva
Onde um coração bate sozinho
Por não saber o caminho
Everton Behenck
Ainda há tanto o que se emocionar
Tudo tão repleto
De simetrias
Lindas
Essas rimas
Da vida
O colega de trabalho
Que senta ao lado
E nunca esteve tão distante
O vendedor de mapas na esquina
O mundo nas mãos
E nenhum horizonte
O homem que corre
No parque
Do que ele foge?
Da morte
Um motorista de plantão
Esperando o próximo passageiro
Com pressa
Mesmo sabendo que todos os sinais
Estão fechados
Um mendigo ao lado
Há mais alegria
Nas roupas sujas
Do que na barriga vazia
Mas não é a fome que come a alegria
Lá dentro é sério
Seu olhar atravessa paredes
Porque já esteve em todos os lugares
Foi todos os homens
Sabe que não há verdade
Nem saída
Por isso observa a vida
Sujo e descalço
Já deu o último passo
Sem ter para onde ir
Chegou
Há tanto o que se emocionar
Com a menina que nasceu ontem
Com suas roupas rosas
Bordadas de doçura
Tomara que não sofra
Além da conta
Quando um homem
Lhe ferir o peito
Com um beijo
Os homens são sempre avessos
Quanta emoção em seu choro recém nascido
De quem ainda não entende nada
Antevendo saber
Que isso pouco mudará
O amor há de compensar
Há tanto pra se emocionar
A riqueza do homem
Que desfaz seu significado
Quando fica sozinho
Em sua nudez de sentido
Tanto há se emocionar
Com a moça
Sonhando que sua beleza
Seja o bastante
Se olha no espelho
Como quem reza a uma santa
As rugas ensinarão
Que não existem milagres
(Não para os covardes)
Ainda há tanto o que se emocionar
Que não é hora de parar
Everton Behenck
Esse é o título do livro de estréia do meu amigo e parceiro no projeto Janelas Reginaldo Pujol.
E tá engraçado demais.
Quem quiser conferir tá aí o link! Vale a pena!
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/catalogo/busca.asp?tipoBusca=1
Colocaram uma placa
Amarrada
Na grade da frente
Do prédio
Na gola
Da casa
Uma placa
Com um leão
Em um brasão
É um exército
Cercando a torre do prédio
A calçada
Presa do lado de fora
Um homem presa no lado de dentro
Pensa
Que só é possível estar em paz
Lá dentro
O muro não mistura
O homem e a rua
É preciso um soldado
Para a disputa
É preciso uma arma em riste
Uma falange nervosa nos dedos
Apertando o gatilho dos erros
Sem sabê-los
Everton Behenck
FESTIVAIA – LETRAS E CANTOS
É divulgação de várias ações artísticas. Poetas falando música.
Músicos falando poesia. Fotógrafos dizendo versos. Cartunistas
contando histórias. Literatura e música pulsando em prol da poesia,
alegria e festa.
São encontros de pessoas inquietas e criativas.
São impropérios, recalcitrações, apupos, enfim, vaias à vida medíocre e
banal, e louvores, elogios, aplausos aos talentos de todos os tipos.
E neste sábado – dia 15/12, 21hs – o furdunço, além do lançamento da
23ª edição do Jornal Vaia, com a presença dos poetas que participaram
dessa edição especial do jornal, contará com a presença de:
ALEXANDRE BRITO
RICARDO SILVESTRIN
LEANDRO MAIA
RICHARD SERRARIA
HENRIQUE SCHNEIDER
REGINALDO PUJOL
VIVIANE JUGUERO
NELSON COELHO DE CASTRO
EVERTON BEHENCK
ITALO OGLIARI
BIER
FELIPE AZEVEDO
ITA ARNOLD
MARCO DE MENEZES
SIDNEI SCHNEIDER
MARCELO SPALDING
VINICIUS CAURIO
MAIRA DEGRANDI
MARCUS MINUZZI
LAURENE VERAS
LEANDRO DÓRO
PAULO WAINBERG
PAULO SCOTT
Perdi a inocência em uma tarde
Sei lá quando
Perdi o sono e a paz
Perdi os dias
E as horas
Perdi
Perdi minutos repletos de mim
Perdi o choro em teus olhos
Deixei
Perdi o rumo e os remos
Até os restos perdi
Perdi demais
Tudo de nós
E no meu sonho sem janelas
Perdi a chave da saída
E até perder a vida
Ardia
Perdi tudo o que tinha
Sobrou essa vontade imensa
De me encontrar
Everton Behenck
Já contei as voltas
Que deram as rodas
Do carro
Indo para tua casa
Lembrei de todos os sinais
Fechados
Que alimentaram a distância
Já refiz o caminho mil vezes
Até a mesa do bar
Onde teus olhos me tornaram
Finalmente
Real
Desci e subi mil vezes
Cada degrau
Da escada
Onde teus passos
Deixaram marcada
A alegria no chão
Já olhei o mapa
Já contei as milhas
Da praia
E rebatizei
Cada enseada
Com um beijo
Nosso
Assisti
Em todas as ordens
Cada música
Toda palavra
Esperando que o Chico
Quem sabe resolva
E me diga coisas
Que acalmem
A alma
Já virei as páginas
Perseguindo Vinícius
Esperando que o poeta
Me entregue um verso
Com um final feliz de regresso
Já me perdi na pressa
Me molhei na poça
Enquanto andava olhando para cima
Tentando ver o outro lado do mar
No céu
Já tentei caminhar sobre as águas
Ao teu encontro
Mas só essa saudade é santa
Everton Behenck