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Eu ganho outras cores
E as vezes a escuridão intensa
Do que se apresenta
A vida sempre será imensa
Para quem a perceba
Eu ganho os sentidos
Despidos
Ao mínimo indício
Do vento vivo
Que sopra suas notas
E também a surdez
Da palavra torta
Eu ganho a possibilidade
De estar além do que se vê
Mas quem disse que é bonito
O que está escondido
Eu ganho o que é quase imperceptível
Mas quem disse
Que aquilo que quase não se percebe
Não é capaz de matar o que antes era alegre
Eu ganho a possibilidade linda
De ver tudo o que a vida
Muitas vezes não explica
E em troca sofro de forma explícita
Aonde ninguém mais sofreria
Everton Behenck
Poema resposta para que minha querida amiga Julia Duarte utilizasse em uma aula.
As vezes
Tenho certeza
Que explodirei a cabeça
Em algum momento
Ou tomarei veneno
Quando ficar velho
E muito mais
Cansado
Paro
E digo
A um grilo surdo
Que mora em meu ouvido
Digo alto
Para que ele repita
Nada mais brega
Que um poeta
Suicida
Everton Behenck
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Preciso escrever um poema
Mesmo que nada em mim
Tenha um rosto
Para virar
Em direção ao verso
A cidade pressente a treva
E a noite não é mais
Que um diluvio de sombra
Mas preciso urgentemente
Escrever um poema
Antes que escureça
Meus olhos
E minhas mãos
Não seguram
A palavra que passa
A ausência me impede
Com sua mão enorme
E sou como um boneco
De ventríloquo
Que ninguém manipula
Os olhos abertos
E a face muda
Os computadores todos escrevem:
Não há poesia
Mas preciso escrever um poema
Com a urgência
De quem sangra
Sem que se perceba
Preciso escrever
Esse poema
Para que ele me convença
Everton Behenck
Eu devia ter morrido
Embriagado de vicio
Eu devia ter partido
Em mil pedaços
Os olhos exaustos
Eu devia ter visto
Um túnel
Iluminado
Mas só enxergo
Os flashes eternos
Os momentos
De prazer e sofrimento
E o som fervendo a noite
Noite a dentro
Eu só me vejo
Correndo
Na velocidade
Do que pretende voar
E partir
Eu devia morrer
E morri
Mas ainda estou aqui
Everton Behenck
Meus amigos
Ainda estão no banheiro
Cheirando pó
E medo
E no bar
Mais um copo
Indo à boca
Na pista de dança
São todos crianças
Esperando para ir pra cama
Everton Behenck
Minha vontade de ser livre
Sem perceber que liberdade
É uma palavra
Sem asas
Minha vontade de ser forte
Sem entender que o preço da força
É a dureza
Meu desejo de saber
Sem o entendimento
De que não fomos feitos
Para o conhecimento
E sim para a fé
Seja ela na cruz
No idioma
Ou numa infinidade de contas
Meu sonho antigo
De ser maior
Sem entender que o tamanho
É relativo
E que ao nos vermos diminuídos
Intuímos
Nossa verdadeira estatura
Crescer é mais um paradoxo
Que uma direção
Não passamos de uma intenção
Everton Behenck
Eu e minha falta imensa
De poesia
Eu e minha loucura adormecida
Eu e minha vontade
De comer a tarde
Cravando as unhas
Rasgando nos dentes
A calma aparente
Eu e minha terapia ocupacional
Para proteger uma mão da outra
Eu e minhas porções integrais
E frutas frescas
Recém arrancadas
De uma terra sem alma
Eu e minha fraqueza
Na pele arrasada
Nas mãos que já não tremem
Nem acenam um beijo
Eu e minha vontade insana
De revirar a cama e os livros
E derrubar uma parede atrás da outra
Só com a força do pensamento
Eu e esse outro de mim
Preso
Everton Behenck
Uns sucumbiram
À biologia
Outros trocaram a arte
Pela vida
Uns negaram
O que ardia
Para ter alegria
Uns tornaram-se rudes
Ao fim da juventude
Outros sempre souberam
O que eram
E nem por isso
Viveram
Uns não fedem
Outros cheiram
Everton Behenck
Quem tenho sido
Se não
Um desenho que faço
De vocês
Com cheiro e som
E caras
Que eu já interpreto
Como minhas
E as tinha
No mesmo segundo
Que vocês
As faziam
E será outro ano
Quando eu voltar a vê-las
Quando irá
Mudar seu curso
O músculo
Que levanta
Levemente
Minha bochecha
Direita
E que peguei
Daquela menina
Pequena
Ou quando deixarei
De cruzar as pernas
Do outro
Sentado no canto
E que não se move
Que se mova o apartamento
Nos olhos
Será
Que me esquecerei
Da voz
Que me soa
Tão boa aos ouvidos
Penso
Será que
Quando voltar a ouvi-la
Será como uma música
Esquecida
Que de repente
Toca no rádio
E é tão fácil
Cantar sua letra
Quantas 32 horas
Ou mais
Fazendo questão
De todos os seus
Minutos
Quem eu serei
Hoje a tarde
Quando todos vocês
Se calarem
Everton Behenck
* Feliz ano novo amizade!!