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Aquele menino
Já sabe o que é
Não ter paz
Sente
Que dentro de si
O tempo passa
Muito mais rápido
São anos correndo
Em seu choro lento
Nasce dentro do menino
O homem
Dentro do homem
O velho
Aquele menino
Tentando falar
Por entre os restos
De dignidade
No gesto desesperado da mãe
Frente ao silêncio do pai
Aquele menino
Tentando ser justo
Na balança dos lábios
Pequenos
Não quer marcar ninguém a ferro
E como queimam
As palavras das crianças
Aquele menino
Mede suas lágrimas
De criança farta
E vai passar a vida
Dizendo que não foi nada
Mas serão incontáveis as vezes
Que pensará nisso a noite
E logo se voltará
Para as pequenas coisas da casa
A mulher amada
O filho que terá um dia
Mas que agora
Não passa de uma criança
Feita de sombra
Aquele menino
Que levanta as mãos
E as abaixa
Com a pressa mágica
De sentir-se capaz
De dizer com o ar
Aquele menino que está
A milhares de quilômetros de mim
Tentando conciliar os pais
Dentro de si
Aquele menino
Onde alguma coisa
Se perdeu
Sou eu
Everton Behenck
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Preciso escrever um poema
Mesmo que nada em mim
Tenha um rosto
Para virar
Em direção ao verso
A cidade pressente a treva
E a noite não é mais
Que um diluvio de sombra
Mas preciso urgentemente
Escrever um poema
Antes que escureça
Meus olhos
E minhas mãos
Não seguram
A palavra que passa
A ausência me impede
Com sua mão enorme
E sou como um boneco
De ventríloquo
Que ninguém manipula
Os olhos abertos
E a face muda
Os computadores todos escrevem:
Não há poesia
Mas preciso escrever um poema
Com a urgência
De quem sangra
Sem que se perceba
Preciso escrever
Esse poema
Para que ele me convença
Everton Behenck
Quem não conhece Maria Rezende, deveria.
Essa poeta carioca, além de escrever lindamente, diz poesia de um jeito. Mas de um jeito. Mas de um jeito.
Se eu pudesse trocava de poeta para dramaturgo da Maria.
Conheça a moça aqui: http://mariadapoesia.blogspot.com.br/
O vento
É sempre um bom
Conselheiro
Porque fala
Do que é invisível
E precisamos tanto disso
O vento
É a língua
Do tempo
E nos ensina
O que é eterno
Em sua lição
De verbo
Infinitivo
O vento é sempre
Um bom amigo
Em sua conversa
De galho
Batendo
Na janela
O silêncio do vento
É nossa própria
Consciência
Sussurrando sua presença
Everton Behenck