Não sou um homem de verdade
Sou apenas a imagem de um homem
Aqui, não estou
Nem estou aí
Deixei de existir
Inventei as asas
Me roubaram o céu
Quis cavar o chão
Mas as unhas do fantasma
Atravessaram a terra
Sem nada conter
Quis me olhar no espelho
Nada vi
Não tenho imagem
Nem posso ser reconhecido pelos amigos
Mudei de mim sem que ninguém visse
Me mudei para dentro de ti
E nunca cheguei
Não sei o caminho da ida
Nem o caminho da volta
Fiquei vulto
Carregando todo o ouro
Todos os pertences
Toda beleza que podia
E vão caindo pelo caminho
Chamando atenção de mendigos e bandidos
Tento proteger o peito
Sou abatido constantemente
Mas fantasmas não morrem
Fantasmas ardem, apenas
E vagam
E eu sigo
Sem ter destino nem passado.
Eu, em que tudo se degenerou e reconstruiu
Sem no entanto concluir
Eu que vivo para ti
Sem nunca ter te visto.
Eu que rondo tua casa
Sem saber teu endereço.
Eu que fiz um filho em ti
Sem nuca ter te tocado
Eu que levantei teu véu
Sem nunca ter te beijado
Eu que atrapalhei tua família
Sem nunca ter lhes apertado as mãos
Eu que fui teu ultimo homem
Sem nunca ter chegado
Eu que simplesmente
Joguei fora o pensamento
Eu que não sei
Tenho certeza da nossa sorte
Ao desconstruirmos nossas vidas
Em nome de algo
Muito maior que a própria vida
O casal. O espelho. O amor. O par.
A possibilidade de criar a vida
Não como faz um bicho
Mas como faz o que é divino
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