A vontade que eu tinha
Era sacudir o colega de trabalho
E contar
Palavra por palavra
O que tínhamos conversado
Queria abrir a janela
E ao ver o advogado
Debruçado
Fumando no andar
De baixo
Correr pelas escadas
Sentar à sua porta
E contar
Calmamente
Que nos falamos
Novamente
E você
Aparentemente
Me amava
E amava mais
A cada palavra
Tive vontade de sair
E obrigar o guardador de carros
O único que conheço
Que tem um Astra vermelho
A sentar no banco ao lado
E ouvir
Nossa história
Até que
Emocionado
Limpasse os olhos
Com sua flanela
Ao ver que você
Batera à porta
E assim me trazia de volta
Quis que o senhor
De olhar perdido
No sinal fechado
Desligasse o carro
E me ouvisse
E que ele
Nunca mais ficasse triste
Queria que o porteiro de casa
Largasse a mangueira
Ou tocasse água para cima
Como em um desses comercias de margarina
Porque lembramos
De ter uma família
Queria que minha vizinha de porta
Chamasse o marido
Que foi embora
Para que eles me dissessem
O quanto entendiam
Como era raro
E bonito
Mesmo sendo
Impossível
Everton Behenck
5 comentários
Comments feed for this article
dezembro 2, 2010 às 20:42
roberta
Mas dói de tão bonito!
dezembro 2, 2010 às 22:25
Tweets that mention PARA ELA QUE EU INVENTO ESCREVENDO « Apesar do Céu. -- Topsy.com
[…] This post was mentioned on Twitter by Alexandre Spatuzza, Alexandre Spatuzza. Alexandre Spatuzza said: PARA ELA QUE EU INVENTO ESCREVENDO « Apesar do Céu. http://bit.ly/hC3q3o […]
dezembro 3, 2010 às 13:03
gissela
É como um sonho bonito.
dezembro 3, 2010 às 18:54
leo
mano!! do caralho mesmo! te conheci na balada literária e curti por bosta seu trampo! Sinceros parabens!! Trampos de gente que nem voce fazem com que um moleque que nem eu queira cada vez mais e mais escrever!
Falouu
dezembro 17, 2010 às 22:46
Neusa Doretto
Você arrasa!
Esse está lindérrimo!!!!