A vida
É bela justamente
No que esconde
Quando não explica a fome
Quando derrama sangue
Sem razão
É linda no choro
Falso e público
De uma tragédia privada
Televisionada
É linda
Quando uma última palavra
Não diz nada
Quando um homem se mata
Sem deixar bilhete
Ou razão aparente
É bonita
Quando alguém não acredita
E mesmo assim
Ama, grita e chora
E ignora os fatos
E se engana repetindo alto
Uma mentira
Que vira
Verdade
Só para que o peito se acalme
(a verdade não é para os covardes)
É bela
Na fragilidade
De precisar da eternidade
Para suportar esse segundo
Esse
Que agora
Mora
Na palavra anterior
E que é sempre
Um lembrete
Da morte
Everton Behenck
4 comentários
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agosto 13, 2008 às 20:23
Nathanael
É a primeira vez que comento aqui no blog, mas o leio já há algum tempo. Gosto muito. Tráz a poesia para um plano novo e fascinante. Parabéns Everton. abraços
agosto 14, 2008 às 03:51
carol
sempre surpreendente! bjinhos.
agosto 14, 2008 às 20:55
Fernanda Copatti
“…a verdade não é para os covardes…”
Adorei! Que venha a terceira…
agosto 15, 2008 às 02:01
Guto Leite
Também gostei muito, doutor. Fico no aguardo do desfecho. Abraço