Pago o preço
Atrás das grades
De um relógio
De ponteiros
Pontiagudos
Tomei o amor
Por um corpo
Estranho
Feri de morte
Fechei os olhos
Do amor
Lentamente
Com
A mão
Espalmada
E só quem sente suas pálpebras
Fechadas
É um pedaço de mim
Que não chora
É réu confesso
Em cada gesto
Será executado
Suicidei o amor
Cortando os pulsos
Com os dentes
Esvaí o amor
E uma voz ao telefone
Disse meu nome
Como quem fala de um amigo
Que na verdade não conhece
O amor estava enforcado
Em sua garganta
Eu mesmo chutei o banco
Para quebrar seu pescoço
Neguei seu nome
Seis vezes
Entreguei seu paradeiro
Sem dar nem mesmo
Um beijo no rosto
E sua última palavra
Não diz nada
Everton Behenck
2 comentários
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agosto 6, 2008 às 17:23
Guto Leite
Salve Everton, gostei bastante do poema, meu caro! Em especial dos interstícios de canção, que ora ou outra saltam dos teus versos, e das pequenas estrofes obrigando pausas interessantes de leituras. Será herança do modernismo a pausa transportada à estrofe?
Grande abraço e arte, meu caro!
agosto 8, 2008 às 16:49
carol
ah, como eu quero te cantar!
vamos? … me dá o ritmo que canto!