Nenhuma palavra é dita assim, fácil.

É preciso

Arrancá-la da pele.

 

Tirar o sangue

Do seu sentido.

Não ter medo

De sua veia aberta.

 

Ninguém escreve uma palavra assim, fácil.

O espelho de uma letra

Nem sempre mostra

A beleza de seu reflexo.

 

E é preciso saber olhar

O rosto disforme

Do que sentimos.

 

Para contá-lo.

 

E ao contá-lo

É preciso reconhecê-lo.

 

E estamos lhe oferecendo

 

A eternidade.

 

E é provável

Que ele sempre volte.

 

E nos será cobrado recebê-lo.

 

Escrever nunca é fácil.

É mais um traço.

 

Na parede de um condenado.

 

Everton Behenck